sábado, 19 de setembro de 2009

Crescer dá trabalho


Pois é pessoal.

O moraremportugal.com após um ano foi encerrado. Agora quem tentar entrar no site vai encontrar outra página.

Tivemos que encerrar por muitos motivos, mas o principal foi a falta de tempo mesmo. Infelizmente não estavamos dando conta de manter a página atualizada e responder ao tantos emails que chegaram diariamente.

Temos a certeza que ajudamos muitas pessoas e espero que todos entendam que isso sempre foi um trabalho voluntário e por isso nem todos tiveram respostas.

Essa página aqui, continua no ar e a medida que der voltaremos a atualizar esse cantinho.

Boa sorte a todos.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

É TEMPO DE CRESCER

Temos recebido muitos emails com dúvidas e também muitas mensagens de apoio ao Blog. Isso nos motivou a pensar se esse Blog já estava na hora de crescer ou se já tinhamos cumprido nossa missão. Optamos pelo crescimento.

Vamos mudar muito em breve para um novo endereço, bem como teremos um novo visual, mais limpo e intuitivo. Assim teremos condições de oferecer mais conteúdo e também de atender aqueles que precisam de uma atenção mais especial.

Essa mudança faz-se necessária principalmente por dois motivos:

  1. Queremos oferecer mais informações sobre imigração, visto, estilo de vida, ou seja tudo aquilo que muitos quando decidem viver em Portugal tem que saber e nem sempre encontra da maneira mais rápida.
  2. Queremos dedicar mais tempo ao site. E tempo de qualidade tem um esforço que até o momento não conseguimos dedicar. Teremos um compromisso com a rapidez e com a informação certa.
Então ainda essa semana as coisas vão mudar. Para melhor é claro.

Aguardem.

Deixo abaixo uma mensagem de um amigo ansioso por mudanças.






domingo, 7 de dezembro de 2008

Imprensa portuguesa liga imigrantes brasileiros à criminalidade, diz estudo

Capa do jornal português 'Correio da Manhã' de 19 de setembro de 2008

A imprensa portuguesa apresenta os imigrantes brasileiros como ligados à criminalidade. Esta é a avaliação de Isabel Ferin, pesquisadora responsável pelo estudo Mídia, Imigração e Minorias Étnicas, cuja edição relativa a 2007 será publicada no final deste mês.

No estudo, realizado anualmente desde 2004 por encomenda do Alto Comissariado para a Imigração e o Diálogo Intercultural de Portugal, são analisadas as notícias relacionadas com a imigração publicadas ao longo do ano em seis jornais de circulação nacional e em canais de televisão. As reportagens são divididas por temas e nacionalidades.

Segundo a pesquisadora, há uma ligação entre as citações de brasileiros e as matérias sobre criminalidade, o que se reflete na imagem dos brasileiros na imprensa portuguesa.

“Infelizmente, a imagem dos brasileiros está relacionada aos crimes. Em relação ao sexo masculino, a imagem é do assaltante, enquanto a das mulheres é ligada à prostituição, algumas vezes como criminosas e outras como vítimas, mas sempre ligada à transgressão social”, diz Isabel Ferin.

Números

Segundo dados do governo português, existem cerca de 431 mil imigrantes legalizados em Portugal.

Os brasileiros formam o maior contingente, com 77 mil legalizados além de 30 mil ilegais, de acordo com estimativas do prórpio governo.

Os caboverdianos vêm em segundo lugar, com cerca de 62 mil indivíduos, deixando em terceiro os ucranianos com 46 mil.

Apesar da associação com a criminalidade feita pela imprensa, os brasileiros representam pouco mais de 2% da população carcerária de Portugal.

A maioria dos 246 cidadãos brasileiros que cumprem penas em prisões portuguesas foi condenada por tráfico de drogas, presos ao tentarem entrar no país com entorpecentes.

Motivos históricos

Para Isabel Ferin, o motivo dessa imagem associada à criminalidade está ligado à história da relação entre os dois povos.

“Atribuo essa relação entre brasileiros e transgressão social a estereótipos coloniais, sobretudo à (visão da) mulher brasileira como prostituta e do homem como malandro”.

Ela acredita que o motivo pelo qual os brasileiros são a nacionalidade com pior imagem na imprensa está relacionado ao tipo de imigração.

“Os brasileiros são os únicos imigrantes que entram em situação de concorrência com os profissionais portugueses. Isso é reflexo de alguma sensação de inferioridade visível na sociedade portuguesa”.

Para Gustavo Behr, presidente da Casa do Brasil de Lisboa – a maior associação de imigrantes brasileiros em Portugal – não há uma posição única da imprensa portuguesa em relação aos brasileiros.

“Acho que há diferenças entre os vários meios de comunicação social, que se comportam de forma diferenciada em relação aos brasileiros. Às vezes isso depende de quem escreve”.

Ele acredita que devem haver limites éticos para os textos. “Não acho legítimo os meios relacionarem os imigrantes com a criminalidade. É uma questão que deve ser tratada com o devido zelo. Uma notícia sobre crime que se refira a nacionalidade pode criar resistência na sociedade em acolher os imigrantes”.

Ano atípico

No estudo relativo ao ano de 2007, foram analisadas 2.624 matérias. Do total, a nacionalidade com referências no maior número de textos foi a brasileira, com 325 ocorrências (12,5% do total), seguida pelos ciganos (com 9,4%) e ucranianos (com 3,2%).

As matérias sobre imigrantes ou imigração que não especificam nenhuma nacionalidade somam 44%. No total, foram citados imigrantes de 19 nacionalidades.

O estudo também analisou as notícias veiculadas pelos canais de televisão, em um total de 237 matérias.

A principal nacionalidade citada na TV também é a brasileira, com 11,8% das referências, seguida dos nativos do Magreb e dos cidadãos dos países da Europa Oriental, ambos com a mesma porcentagem: 7,6%.

Segundo a pesquisa, em 2007, o principal tema abordado foi a clandestinidade, com 22,6% do total, ficando em segundo lugar a criminalidade, com 22,5%, seguida pela discriminação, com 12,5%.

Isabel Ferin, no entanto, considera que este foi um ano atípico.

“Em 2007, como houve a Presidência portuguesa da União Européia e, por outro lado, como o alto-comissário para a Imigração teve um papel muito ativo junto aos meios de comunicação social, a ênfase maior dos textos publicados foi para a integração dos imigrantes. Em 2008, pelo levantamento que estamos fazendo, o quadro já é diferente, com um aumento do tema da criminalidade”, disse, referindo-se ao estudo que será publicado em 2009.

Fonte

sábado, 6 de dezembro de 2008

Nem todos conseguem lugar ao Sol

A brasileira Janice Delunardo, de 34 anos, foi para Portugal em 2001 com uma oferta de emprego e o sonho de ser diretora de cinema.

A proposta de trabalho era falsa, nunca conseguiu emprego em sua área e diz ter sido vítima de racismo. Após cinco anos no país, planeja voltar para o Brasil.

"Minha filha Victoria nasceu em Portugal. Essa foi a maior alegria da minha vida", disse Janice à BBC Brasil. "Mas o sonho de ser uma mulher bem-sucedida fora do meu país não alimento mais".

Formada em publicidade – com especialização na Escola Internacional de Cinema e TV de San Antonio de Los Baños, em Cuba –, ela trabalhou durante vários anos com produção e direção de cinema e televisão em Vitória e, posteriormente, em São Paulo.

Em Portugal, a formação e experiência de Janice não lhe abriram portas.

"Quando chegamos em Portugal, nos deparamos com uma realidade completamente diferente da que imaginávamos. Fomos enganados. Não tinha emprego nenhum”, lembra Janice, que deixou o Brasil com o namorado.

“Sorte que era verão e facilmente arrumamos trabalho em um restaurante”, disse ela à BBC Brasil.

O namorado trabalhou como garçom e ela, como ajudante de cozinha.

"Descascava quilos e mais quilos de batatas e cortava uma quantidade enorme de cebolas todas as noites. Quando chegava em casa e tentava dormir, não conseguia. Minhas mãos inchavam tanto, que não podia fechá-las", disse.

"Era um trabalho muito cansativo e eu não podia fazer nada diferente. Chorava ao lembrar que tinha estudado tanto no Brasil. Meu companheiro também chorava escondido ao me ver naquela situação”, lembra.

Pouco tempo depois, os dois retornaram para o Brasil por seis meses. No entanto, a volta para casa não foi fácil. Para financiar a viagem, eles tinham vendido o apartamento que tinham em São Paulo, estavam desempregados e sem perspectivas. Acabaram decidindo tentar a vida novamente em Portugal, mas, dessa vez, com trabalho garantido.

Foram morar em Nazaré, a 100 quilômetros de Lisboa e trabalhar como vendedores de produtos direcionados a idosos. O casal trabalhava durante os fins de semana e ganhava comissão pela venda dos produtos.

"Entramos em Portugal com apenas 20 euros. Meu chefe emprestou o dinheiro para as passagens e moramos com ele nos primeiros dias. Depois, alugamos uma casa e as coisas foram se ajeitando aos poucos", disse Janice.

Discriminação

Com tempo livre durante a semana, ela foi atrás de uma vaga em uma loja que, segundo seus amigos portugueses, estava contratando funcionários. No entanto, ao chegar ao local para conversar com a dona do estabelecimento, Janice recebeu um “não”. A proprietária disse que não a contrataria porque não queria brasileiros no local.

"A discriminação acontece em todos os lugares e a todo o momento, mesmo que seja de maneira indireta", afirma. "Acho isso muito injusto porque, no Brasil, somos abertos a todos os estrangeiros.”

“Minha filha nasceu aqui, mas ainda não tem direito à cidadania portuguesa. Ela fala o português de Portugal, mas não pode ser portuguesa”, contou.

Janice conta que, apesar das dificuldades, a vida fora do país valeria a pena se ela tivesse sucesso na carreira profissional.

“Se tivesse trabalhado na minha área, me sentiria mais realizada. Estudei, me dediquei, mas aqui não tenho oportunidade nem de me aproximar”, disse.
Janice Delunardo e a filha nascida em Portugal (arquivo pessoal).
A filha de Janice não consegue a cidadania, apesar de ter nascido em Portugal

Fonte

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

ALTOS CUSTOS DOS LIVROS E INÚMERAS PUBLICAÇÕES CIÊNTÍFICAS...


Correria total pessoa, está mesmo complicado passar aqui pra postar alguma coisa embora não faltem idéias e nem temas e tão pouco vontade de vir postar...

Estou a fazer um trabalho da Universidade e deparei-me com algumas situações que achei interessante comentar em um post aqui no blog...

Primeiro é o absurdo que se paga no Brasil pelas publicações indicadas pelos professores ou profs como dizem aqui em Portugal, tive que comprar o livro PSICOLOGIA do Gleitman que algumas pessoas conhecem, é um livro muito usado em estudo de psicologia e é um livro de 1400 páginas aproximadamente, até ai tudo bem, sábado o Pedro foi a editora comprar o livro para mim, o livro custava 40€(Achei super caro para os padrões daqui) mas ele teve um desconto devido a ser estudante e o livro saiu por 24€, fiquei super curiosa para saber quanto pagaria neste mesmo livro no Brasil e fomos às pesquisas...pasmen, mas no Brasil este mesmo livro custa R$250,00, proporcionalmente falando aqui eu gasto 7% de um salário mínimo nacional para comprar o livro enquanto no Brasil o aluno de psicologia gastará 55% do salário mínimo para comprar o tal livro de Gleitman...:(

Fiquei chocada com isso, sinceramente é uma afronta total, é um comercio leviano que se faz, estou mesmo pasma!!!

Outra coisa que me chamou a atenção é que reunimos o grupo para trocar uma idéia sobre as pesquisas referentes ao nosso trabalho e todos os alunos diziam que só encontravam publicações do Brasil, gente....o Brasil publica muita coisa, quando estava no Brasil não tinha essa noção, mas é impressionante, e meu marido disse que quando algumas pessoas nos centros acadêmicos são questionadas quanto a isso usam a desculpa de que O BRASIL É MUITO GRANDE...isso é mesmo desculpa, é muito grande mas também é muito problemático e eles são os primeiros a dizer que é um país ignorante, se é ignorante porque publica tanta coisa boa?

Fiquei muito orgulhosa disso, amo mesmo o meu país com todos os defeitos do senhor verde e amarelo...:(

Outra coisa que não pdoeria deixar de citar aqui no post é:

NOSSO AGRADECIMENTO DE CORAÇÃO A UMA LEITORA DO BLOG QUE NOS DEIXOU UM RECADO COM A INFORMAÇÃO REFERENTE A LEI DE RECIPROCIDADE, QUEM ACOMPANHA O BLOG SABE QUE DEIXAMOS AQUI NOSSA INDGNAÇÃO PELO NÃO CUMPRIMENTO DA LEI DE RECIPROCIDADE AQUI EM PORTUGAL ONDE BRASILEIROS NÃO ERAM ACEITOS A CONCORRER EM CONCURSOS PÚBLICOS, A LEITORA NOS DEIXOU O LINK PARA A DECLARAÇÃO QUE DEVE-SE PREENCHER E LEVAR AO SEF, SOLICITANDO A EQUIPARAÇÃO E ENQUADRAMENTO NA LEI DE RECIPROCIDADE...

FICAMOS IMENSAMENTE FELIZES POR SABER QUE NEM TUDO ESTÁ PERDIDO, A PESSOA QUE NOS DEIXOU A MENSAGEM NÃO SE IDENTIFICOU E DEIXAMOS AQUI O NOSSO MUITO OBRIGADO!!!!!!!

DEUS ABENÇÕE SUA VIDA!!!

Quem precisar do documento para solicitar o enquadramento na lei de reciprocidade ou mais informações sobre isso nos escreva para o email : MORAREMPORTUGAL@GMAIL.COM

Beijinhos e boa semana a todos.

Maria

quinta-feira, 6 de novembro de 2008


Mulheres brasileiras em Portugal sofrem com a discriminação e têm dificuldade para alugar apartamento....

Fernando Moura
Especial para o UOL
Em Lisboa


"A discriminação em Portugal é um fato", diz energicamente Paula Toste quando questionada pelo UOL sobre a forma como foi tratada quando viveu na capital portuguesa Lisboa por duas vezes. "Sentia a discriminação pelo sotaque, era começar a falar que já olhavam de outra maneira. O fato de eu ser do Brasil era pior devido à péssima fama das brasileiras que vão para a Europa se prostituir."

Como Paula, outras mulheres brasileiras que decidem emigrar para Portugal queixam-se cada vez mais de discriminação e do preconceito por parte dos portugueses em diferentes momentos da sua vida, mas principalmente na hora de arranjar casa para morar.

Mas o UOL apurou também que elas sofrem ainda insultos ou diferenciação salarial no trabalho, abusos de autoridade das forças de segurança e incorreto atendimento nos serviços públicos pelas situações do cotidiano. Estes fatos são os que mais queixas de discriminação racial geram neste país da Europa.

Números do preconceito

45,3% dos brasileiros que vivem em Portugal que foram entrevistados para a pesquisa "Imigração Brasileira em Portugal" responderam ter visto "bastantes" casos de discriminação da parte dos portugueses em relação aos brasileiros. Considerando conjuntamente os que assinalam terem visto "bastantes" casos e "alguns" casos, esse número sobe para 71,9% dos consultados

Um estudo apresentado em julho de 2007 pelo Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural (ACIDI), intitulado "Imigração Brasileira em Portugal" e coordenada pelo professor Jorge Malheiros, revelou que o 45,3% dos entrevistados consideram ter visto "bastantes" casos de discriminação da parte dos portugueses em relação aos brasileiros. Considerando conjuntamente os que assinalam "bastantes" casos e "alguns" casos, esse número sobe para 71,9%.

Apenas 19,3% dos entrevistados disseram nunca ter visto "nenhuma" situação dessas. Além disso, o relatório revela que 34,5% dos brasileiros entrevistados declararam ter tido conflitos com cidadãos portugueses pelo fato de serem brasileiros, mas 65,3% afirmam nunca ter tido esse problema.

A pesquisa ouviu 400 brasileiros que vivem em Portugal, sendo 255 homens e 145 mulheres. O levantamento foi feito a partir de entrevistas diretas, pessoais, que duraram cerca de 25 minutos e foram realizadas na residência dos entrevistados ou em locais públicos, de acordo com um questionário previamente elaborado.

Paula é luso-descendente. Nasceu no Rio de Janeiro e nos últimos anos esteve por duas vezes vivendo em Portugal, "uma porque ganhei uma bolsa do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) português; outra, a procura de uma nova experiência profissional", conta ela, que diz se sentir à vontade para comentar o assunto pelo fato de a sua origem ser portuguesa, o que reforça o seu desgosto. "O meu pai emigrou dos Açores para o Brasil".

Sensivelmente magoada pela sua experiência européia, ela diz que trabalhou 9 meses em uma dependência do MNE e foi bem recebida, mas não se cansa de afirmar que a discriminação em Portugal existe e é visível, sobretudo para os imigrantes que não estão legais.

Paula, que é graduada em Comunicação Social por uma universidade do Rio de Janeiro, diz que não quer voltar mais ao país. "Portugal para mim só de passeio para matar as saudades dos familiares e amigos, que vivem nas Ilhas dos Açores. Viver ali novamente, nem pensar! Só voltaria a morar em Portugal se por acaso estivesse trabalhando em uma empresa do Brasil e fosse transferida. Mesmo assim, só iria se eu não tivesse opção de escolha!"

Discriminação por telefone
"As brasileiras começam a ser discriminadas já quando telefonam para pedir informações sobre aluguel de apartamentos", conta Paula. "Uma amiga brasileira ligou perguntando o preço e a dona do apartamento disse que já tinha sido ocupado. Logo pediu para uma amiga portuguesa ligar e a mesma mulher disse o valor do aluguel e informou que ainda estava disponível. Ou seja, por causa do sotaque e percebendo que era brasileira foram negadas as informações."

Aline também emigrou do Rio de Janeiro. Preferindo não divulgar o seu sobrenome, ela disse ao UOL que quando chegou a Aveiro, cidade no centro do país, procurou um apartamento para viver enquanto estudava. "Telefonei para várias pessoas. Uma senhora me disse que não queria brasileiras no apartamento dela. Expliquei que estava na Universidade de Aveiro e ela falou que já tinha ouvido essa história antes e encerrou a conversa. Outra senhora me convidou para visitar o apartamento só para saber como eu era, pois já tinha negado a uma outra pela 'aparência duvidosa'."

Para esta estudante, o preconceito se torna mais agressivo por ser quase declarado. Mas ela ressalta que não é só com os brasileiros que isso ocorre. "Também discriminam mães solteiras, pessoas que vão morar junto sem se casar. São coisas já ultrapassadas em outros países e que em Portugal são ainda importantes."

Problema é pior na periferia
O ACIDI é um instituto público integrado na administração indireta do Estado, que tem como missão colaborar na concepção, execução e avaliação das políticas públicas relevantes para a integração dos imigrantes. O relatório do organismo sublima que os casos de "discriminação" estão se acentuando nos locais com maior concentração de imigrantes brasileiros, situados na periferia da capital portuguesa.

Conflito de valores

"Por um lado, os portugueses adoram a cultura brasileira, a música, literatura, telenovelas, futebol, passar férias no nordeste do país, o bom humor, a alegria. Mas por outro, sentem-se incomodados com a grande presença de brasileiros em Portugal, pela disputa por empregos ou pelos problemas da prostituição e dos casos de contravenção, e ainda da clandestinidade", explica Marcos Gaspar, sociólogo luso-brasileiro

Em contrapartida, o espaço caracterizado pelo maior cosmopolitismo e pela freqüência mais elevada de contatos interétnicos - que seria a capital Lisboa - registra a maior porcentagem de respostas no conjunto das categorias "pouco e nenhum caso de discriminação" e claramente a menor na categoria "bastantes casos de discriminação".

No contexto da União Européia, um inquérito realizado pelo Observatório Europeu dos Fenômenos Racistas e Xenófobos, entre 2002 e 2005, a 1.619 imigrantes cabo-verdianos, guineenses, brasileiros e ucranianos residentes em Portugal revela que a maior taxa de discriminação se incidia na compra ou aluguel de um imóvel ou no pedido de um crédito bancário (42%) e no emprego (32%).

O último relatório de atividades da Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial (CICDR) informa que, entre setembro de 2005 e dezembro de 2006, as grandes áreas de denúncias foram a laboral, forças de segurança e Estado, que representavam quase metade das 85 queixas apresentadas por particulares e associações.

Neste contexto, Manuel Correia, fundador da Frente Anti-Racista Portuguesa, alertou para as formas "sutis" de discriminação racial, que considera que têm grande peso. "São formas de discriminação disfarçadas para diminuir o outro, mas nem sempre se pode provar que se está a discriminar", avalia.

Correia admite que se criam situações de "desencorajamento ao aluguel" de casas aos africanos e brasileiros, de "incorreto atendimento nos estabelecimentos públicos", a falta de promoção de carreiras, os baixos vencimentos e "as expressões injuriosas" das chefias no posto de trabalho e a "desproporcionalidade do uso da força da polícia junto da comunidade negra".

"Brasileiros fazem bagunça"
"Na minha opinião, os portugueses que alugam casas criam um preconceito em relação aos brasileiros e resolvem ignorá-los à sua maneira", diz Flavia Santos, uma bolsista de investigação brasileira que está estudando na Universidade Nova de Lisboa.

Flavia contou ao UOL que em uma das ligações que fez durante a procura de apartamento, uma senhora perguntou a ela de onde era. Quando disse que era do Brasil, a senhora falou que não alugava quartos a brasileiros. "Perguntei a ela o motivo e ela me disse: 'já tivemos experiência antes e sabemos como são os brasileiros. Gostam de pôr a música nas alturas e fazem bagunça'. As palavras dela apenas confirmaram o que eu já sabia."

A estudante disse que é difícil fazer comparações, mas pensando em experiências que teve em Lisboa e em Londres, na Inglaterra, percebe que a situação em Portugal é mesmo mais grave. "Em Londres, consegui arrumar um quarto no mesmo dia em que cheguei. Portugal é um país provinciano. A maioria da população é idosa e isso dificulta a negociação e vem se somar à barreira do preconceito que têm com brasileiros e com africanos. Ao final disto tudo, acabei por arranjar um quarto em uma casa que divido com outros brasileiros."

Ana Paula Bittencourt atualmente trabalha em uma clínica médica para poder custear o curso de mestrado em uma universidade de Lisboa. Ela diz que na chegada ao país foi mais difícil o convívio porque sentia muito as diferenças. "Agora já não ligo muito. Acho que o pior era uma certa desconfiança do que você está fazendo por aqui", diz ela.

O crescimento da imigração

Na última década, Portugal passou de um país tradicionalmente de emigração para transformar-se em um país de imigração. Deixou de ser um país "exportador" de mão-de-obra e se transformou também em "importador". O aumento da imigração se deve, fundamentalmente, à sua entrada na União Européia e com esta chegada de emigrantes provenientes da América do Sul (principalmente do Brasil) e dos países do leste europeu (Ucrânia, Moldávia, Roménia e Rússia).
Hoje em dia se considera que 10% da população do país - que já atinge os 11 milhões de pessoas - é de origem estrangeira. E isso fez com que o fenômeno que sempre tinha sido externo se transformasse em um tema da agenda governamental, política e social do país

A estudante diz que na primeira casa que alugou o dono mal falava com ela. "Só ficamos amigos depois que ele percebeu que eu não vim para cá para 'tentar a vida' [prostituir-se]. Quando saí de lá, o proprietário da casa onde moro atualmente comentou que se não tivéssemos um amigo em comum ele não alugaria a casa para uma brasileira."

A jovem que emigrou de Joaçaba (Santa Catarina) sente que a discriminação com os negros e imigrantes do leste europeu é muito maior que com brasileiros. "Tenho a idéia de que o pensamento aqui é que existem muitos brasileiros 'gente boa', que são simpáticos e trabalhadores. E trabalham naquilo que os portugueses não querem trabalhar. Mas com os negros isso não acontece. Nenhum se salva."

Conflito interno entre portugueses
Para o sociólogo carioca Marcos de Oliveira Gaspar - filho de um cidadão português emigrado para o Brasil na década de 1950 - e que chegou a Lisboa em maio de 2001 por meio de uma bolsa do Ministério dos Negócios Estrangeiros Português (MNE), a discriminação com os brasileiros é um conflito interno entre os portugueses.

"Como pode um povo discriminar os brasileiros e participar de forma tão intensa de um festival como o Rock'n Rio/Lisboa, com diversos artistas brasileiros. Acho que os brasileiros entraram em um processo de discriminação que é um fenômeno europeu, em decorrência da globalização econômica que, por conseqüência, atrai cidadãos de outros continentes que sofrem com as freqüentes crises econômicas, políticas e sociais das últimas três décadas."

Gaspar estudou o fenômeno da imigração em uma universidade de Lisboa e afirma que na hora de alugar uma casa, os portugueses irão preferir sempre um cidadão português. "No Brasil também é mais fácil alugar uma casa para um brasileiro do que a um estrangeiro. Fica mais fácil de resolver a documentação e confiar. No meu caso, que aluguei um apartamento com um amigo argentino, acabei tendo a preferência em relação a uns italianos. Mas claro que o fato de os dois sermos filhos de portugueses ajudou."

Liliana é um exemplo de brasileira que nunca sentiu o preconceito por ser do Brasil, mas sim por ser simplesmente imigrante. Ela migrou para Lisboa em 2002 e trabalha para um órgão do governo. "Eu me sinto discriminada por ser imigrante e não por se brasileira", afirma. "Como não posso ter Bilhete de Identidade, também não posso comprar uma casa ou pedir um empréstimo. Não posso nem ter cartão de descontos da Fnac porque não tenho documento português".

Mas o sociólogo diz acreditar que se não houvesse essa forte imigração para Portugal, os brasileiros continuariam sendo muito bem recebidos. "Como ocorreu até o final da década de 1980, coincidência ou não, o período que Portugal entra na Comunidade Européia e o Brasil vive sua pior crise econômica."

sábado, 25 de outubro de 2008

NÃO FAZES NADA EM PORTUGAL SEM O CARTÃO DE CONTRIBUINTE...


Um imigrante chega ilegal a Portugal e a primeira coisa a se fazer aqui é providenciar o número de contribuinte, como o contribuinte abre-se conta, com o contribuinte faze-se aqui em Portugal tudo que se faz com o CPF no Brasil....

Porém o departamento de finanças não está mais fazendo o número de contribuinte se a pessoa não tiver o visto, sem o contribuinte você não consegue trabalhar, não abre conta em banco, qualquer coisa que se vá fazer aqui é solicitado logo o número de contribuinte, se você não o tem você não faz absolutamente NADA...

Tem gente que acha que é só chegar aqui, sair a procura de emprego e pronto, mas as coisas não são como no Brasil e não é tão fácil assim,terá então que se sujeitar a trabalhar no que aparecer, longas jornadas de trabalho e salários muito baixos...

Na época que viemos para cá ja estavam cortando a facilidade de se tirar o contribuinte agora então ja praticamente não se consegue fazer isso...

Ja disse um dia algum velhinho que não me lembro mais quem foi:"QUEM NÃO ESCUTA CUIDADO ACABA ESCUTANDO, COITADO!!!!"

Informe-se, peça ajuda mas não venha ilegal, nós não ganhamos nada com isso apenas queremos que você tenha mais chances e perca menos tempo do que nós perdemos, pense nisso...

Bom fim de semana a todos.

Maria e Pedro